Um percurso discursivo em uma cartografia da formação de professores indígenas nas universidades federais brasileiras

  1. Cielo Cabrera, Bruna

Universidad de defensa: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Fecha de defensa: 31 de marzo de 2023

Tribunal:
  1. Amanda E. Scherer Presidente/a
  2. Águeda Aparecida da Cruz Borges Vocal
  3. Juan Manuel López Muñoz Vocal

Tipo: Tesis

Resumen

A presente tese desenvolve-se na área de Estudos Linguísticos, em consonância com o arcabouço teórico e metodológico da Análise de Discurso (AD) de base materialista, com ancoragem nas reflexões de Michel Pêcheux. A pesquisa toma por objeto os Cursos de Licenciatura Intercultural Indígena, que são graduações universitárias para a formação de professores indígenas para docência em escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio em comunidades indígenas. Lançamos mão de um estudo sobre práticas discursivas político-institucionais de acesso do sujeito indígena a um Ensino Superior "indígena" e firmarmos nossa reflexão teórica e metodológica sobre materialidades discursivas na forma de documentos institucionais de universidades públicas para compreendermos como se inscreve, dentro de um Aparelho Ideológico de Estado (AIE), uma discursividade de resistência via elaboração de cursos de licenciatura específicos para formação de professores indígenas no Brasil. Com isso em vista, coube a constituição de um arquivo de pesquisa para abarcar documentos como legislações brasileiras, documentos oficiais da União, normativas institucionais de cursos de graduação em universidades brasileiras (na forma de Projetos Pedagógicos de Curso – PPCs – desses Cursos) e relatórios gerados por intermédio de bases de dados estatais sobre as IES brasileiras. Do arquivo erigido, recortamos cinco PPCs de universidades federais como corpus de pesquisa (UFRR, UFCG, UFG, UFMG e UFSC). Desse corpus, foram recortadas sequências discursivas que vieram a compor o corpus de análise desta tese, nas quais observamos marcações linguísticas que organizam sentidos de demandas, manifestações, reivindicações, solicitações e lutas pela oferta e abertura de cursos de Ensino Superior destinados especificamente a indígenas. A alteridade de sentidos de dominação x resistência que identificamos ao longo da análise encontra-se nas estruturas linguísticas que materializam os processos discursivos que emanam do objeto. Enquanto uma discursividade dominante materializa-se por intermédio do discurso integracionista no objeto de estudo, uma outra contrapõe-se, atravessando o processo de produção dos sentidos em disputa. Nesta querela, não há “negociação” de sentidos, uma vez que os Cursos foram criados a partir de posições de demanda indígena, que se valem da legislação estatal como ferramenta de efetivação de suas reivindicações por um Ensino Superior indígena. O discurso de resistência encontra no espaço institucional AIE o seu lugar de litígio: o espaço em que a classe dominada é capaz de demandar a potencialidade de futuro para seus processos educacionais.